sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A miséria da classe política em Portugal


A classe política em Portugal é uma classe política podre, que ao longo das últimas décadas foi incapaz de reformar o Estado porque se deixaram dominar pelos “lobbies”.

Vivemos num país de canudos e foi preciso chamar o FMI. Isto é passar um atestado de burrice a pessoas competentes dispostas a ajudar o Governo. Atestado de burrice deveria ser passado a pessoas que condenam apenas este Governo. Não é que este governo esteja a fazer tudo bem, mas e os outros que desde 1976 foram abandalhando as contas públicas uns mais que outros? Este Governo, o mau da fita, é o executor de uma sanção que nos foi colocada por roubos, desvarios, compadrios de muitos outros. E Barroso, Soares, Cavaco, Guterres e Sócrates? Foram todos bonzinhos? Haja bom senso!

O FMI é tipo a crise para algumas empresas se desculparem com o atraso nos pagamentos. Serve de desculpa para tudo. É que agora a vaca já não dá leite. Não é que o FMI perceba mais de finanças que os nossos economistas, mas porque ninguém tem coragem de mexer nos “lobbies” instituídos. Os tipos do FMI que façam o trabalho "sujo"...

Uma pergunta que fica no ar é se isto da austeridade é a sério ou quando a Troika disser “corte aqui”, a resposta vai ser “Epah... Aí não convém porque está lá um amigo nosso da empresa tal que me prometeu um tacho quando sair do governo”. “Então corte ali” e a resposta vai ser “Epah, aí também não podemos porque ele apoiou a minha eleição”. E no fim a troika diz “Bom então se não querem cortar nos vossos tachos e nos tachos dos vossos amigos, cortem nos do costume… no povo”. Afinal é isso que mais está a indignar este povo, mais do que os sacrifícios em si.

Somos mal governados porque temos pessoas incompetentes no poder. Só assim se justifica que o FMI esteja neste momento em diversos Ministérios, para não dizer todos, a dizerem-nos o que devemos fazer. Quem paga são os contribuintes.

O PSD e o PS foram irmãos siameses nas últimas décadas: o que um compôs o outro completou. Não efectuaram as reformas necessárias, nem em relação ao sistema político nem à Administração Pública nem mesmo quanto ao mundo do trabalho e das empresas. Face ao que importava transformar no País, serviram, à vez, de obstáculo – inventaram estorvos tantas vezes absurdos e embargaram quase tudo que adivinhasse mudança.
À conta da “mesmice” que tonalizou o PS e o PSD, o regime estratificou-se, ganhou musgo, desbaratou a receita das reformas necessárias e o País empobreceu, perdeu energias e a vontade de existir.

Quando este Governo tomou posse deveria ter-se preocupado desde o início com a reforma do Estado. Neste momento, seja com FMI ou sem FMI é importantíssimo que a reforma do Estado seja feita e que se aproveite o momento para mudar o regime político em Portugal. Os Portugueses não acreditam em mudanças se não começarem a ver gente responsabilizada e presa... É impossível a curto/médio prazo os Portugueses voltarem a confiar no Governo. E mesmo a longo prazo terá de haver um trabalho árduo pela frente.

Será preciso fazer cortes na saúde, na educação, na defesa… mas cortar nisto e deixar ficar reformas milionárias da parte do Estado (e não são migalhas que nos custam sustentar ex-políticos, ex-juízes de topo, ex-professores de topo, ex-militares, ex-gestores) não vai ser fácil de aceitar.

Os interesses instalados, com os seus direitos adquiridos em tempos de fartura, continuam a resistir e a empurrar para as novas gerações as facturas dos seus desvarios. Este país não merece ter juventude, dado que não acautela minimamente o seu futuro. De propósito ou não, quis o destino que a natalidade no nosso país seja meramente residual. Assim seja.

Vivemos num país de rotundas. Gostam de andar às voltas e nunca saímos do sítio. Não vejo alternativas credíveis, o que vejo é que continuamos à espera de El Rei D. Sebastião.