A classe política em Portugal é
uma classe política podre, que ao longo das últimas décadas foi incapaz de
reformar o Estado porque se deixaram dominar pelos “lobbies”.
Vivemos num país de canudos e foi
preciso chamar o FMI. Isto é passar um atestado de burrice a pessoas
competentes dispostas a ajudar o Governo. Atestado de burrice deveria ser
passado a pessoas que condenam apenas este Governo. Não é que este governo
esteja a fazer tudo bem, mas e os outros que desde 1976 foram abandalhando as
contas públicas uns mais que outros? Este Governo, o mau da fita, é o executor
de uma sanção que nos foi colocada por roubos, desvarios, compadrios de muitos
outros. E Barroso, Soares, Cavaco, Guterres e Sócrates? Foram todos bonzinhos?
Haja bom senso!
O FMI é tipo a crise para algumas
empresas se desculparem com o atraso nos pagamentos. Serve de desculpa para
tudo. É que agora a vaca já não dá leite. Não é que o FMI perceba mais de finanças
que os nossos economistas, mas porque ninguém tem coragem de mexer nos “lobbies”
instituídos. Os tipos do FMI que façam o trabalho "sujo"...
Uma pergunta que fica no ar é se isto
da austeridade é a sério ou quando a Troika disser “corte aqui”, a resposta vai
ser “Epah... Aí não convém porque está lá um amigo nosso da empresa tal que me
prometeu um tacho quando sair do governo”. “Então corte ali” e a resposta vai
ser “Epah, aí também não podemos porque ele apoiou a minha eleição”. E no fim a
troika diz “Bom então se não querem cortar nos vossos tachos e nos tachos dos
vossos amigos, cortem nos do costume… no povo”. Afinal é isso que mais está a
indignar este povo, mais do que os sacrifícios em si.
Somos mal governados porque temos
pessoas incompetentes no poder. Só assim se justifica que o FMI esteja neste
momento em diversos Ministérios, para não dizer todos, a dizerem-nos o que
devemos fazer. Quem paga são os contribuintes.
O PSD e o PS foram irmãos
siameses nas últimas décadas: o que um compôs o outro completou. Não efectuaram
as reformas necessárias, nem em relação ao sistema político nem à Administração
Pública nem mesmo quanto ao mundo do trabalho e das empresas. Face ao que
importava transformar no País, serviram, à vez, de obstáculo – inventaram estorvos
tantas vezes absurdos e embargaram quase tudo que adivinhasse mudança.
À conta da “mesmice” que
tonalizou o PS e o PSD, o regime estratificou-se, ganhou musgo, desbaratou a
receita das reformas necessárias e o País empobreceu, perdeu energias e a
vontade de existir.
Quando este Governo tomou posse deveria
ter-se preocupado desde o início com a reforma do Estado. Neste momento, seja
com FMI ou sem FMI é importantíssimo que a reforma do Estado seja feita e que
se aproveite o momento para mudar o regime político em Portugal. Os Portugueses
não acreditam em mudanças se não começarem a ver gente responsabilizada e
presa... É impossível a curto/médio prazo os Portugueses voltarem a confiar no
Governo. E mesmo a longo prazo terá de haver um trabalho árduo pela frente.
Será preciso fazer cortes na
saúde, na educação, na defesa… mas cortar nisto e deixar ficar reformas
milionárias da parte do Estado (e não são migalhas que nos custam sustentar ex-políticos,
ex-juízes de topo, ex-professores de topo, ex-militares, ex-gestores) não vai
ser fácil de aceitar.
Os interesses instalados, com os
seus direitos adquiridos em tempos de fartura, continuam a resistir e a
empurrar para as novas gerações as facturas dos seus desvarios. Este país não
merece ter juventude, dado que não acautela minimamente o seu futuro. De
propósito ou não, quis o destino que a natalidade no nosso país seja meramente
residual. Assim seja.
Vivemos num país de rotundas.
Gostam de andar às voltas e nunca saímos do sítio. Não vejo alternativas
credíveis, o que vejo é que continuamos à espera de El Rei D. Sebastião.